No último domingo, 17 de novembro, um episódio lamentável na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Lençóis Paulista trouxe à tona questões graves sobre a qualidade do atendimento na saúde pública. A cidadã M.R. (só iniciais) denunciou, em um grupo de WhatsApp chamado “Pauta Lençóis”, que seu filho, menor de idade, foi atendido por um médico que aparentava estar embriagado. Segundo ela, o profissional diagnosticou erroneamente a criança com pneumonia. Insatisfeita com a conduta do médico, a cidadã solicitou um segundo atendimento, e o diagnóstico correto – conjuntivite – foi realizado por outro profissional.
Após a denúncia ganhar repercussão nas redes sociais, a cidadã foi chamada à unidade para relatar o ocorrido aos responsáveis pela administração da UPA. O resultado? O afastamento imediato do médico acusado.
O peso da denúncia pública
Infelizmente, casos como este reforçam uma triste realidade: muitas vezes, os problemas nos serviços públicos só recebem a devida atenção quando ganham visibilidade. A coragem da cidadã em expor sua experiência foi fundamental para que a administração da UPA agisse. No entanto, é importante destacar que as redes sociais não devem ser o único canal para resolver esses problemas. Denúncias formais junto aos órgãos competentes, como secretarias de saúde e ouvidorias, são essenciais para oficializar as reclamações e garantir providências.
Nesse caso específico, a cidadã relatou também o episódio diretamente ao secretário de saúde, o que ajudou a impulsionar a rápida resposta da gestão municipal.
A resposta da Prefeitura
A Prefeitura Municipal de Lençóis Paulista, em nota ao Jornal Atitude, afirmou que, ao tomar conhecimento da situação, realizou uma averiguação interna e afastou o médico envolvido. Segundo a gestão, a conduta relatada não condiz com os princípios de atendimento humanizado e de excelência defendidos pela unidade.
Além disso, sobre a ausência de médicos pediatras, a Prefeitura esclareceu que, no dia citado, havia uma pediatra escalada, mas reconheceu que, em situações excepcionais, clínicos gerais podem realizar atendimentos pediátricos para evitar a interrupção dos serviços.
Quanto às denúncias de irregularidades trabalhistas relatadas por funcionários, a administração negou discrepâncias nos pagamentos, afirmando que os valores pagos estão de acordo com o contrato firmado com a organização gestora da unidade, o IDEAS.
Uma questão maior
Esse episódio levanta questões importantes sobre a gestão da saúde pública. A situação da UPA de Lençóis Paulista não é um caso isolado; episódios de má gestão, condutas inadequadas de profissionais e precariedade no atendimento são reflexos de problemas estruturais no sistema público de saúde.
A denúncia de Michele e a resposta imediata da administração devem servir como um alerta. É necessário investir em fiscalização rigorosa, treinamento contínuo dos profissionais e, sobretudo, em uma gestão que priorize os direitos dos cidadãos. A saúde pública não pode ser refém de denúncias para funcionar como deveria.
O Jornal Atitude seguirá acompanhando esse caso e outros relatos que chegam à redação, cobrando transparência e soluções concretas para os problemas que afetam diretamente a população. Afinal, o cidadão merece – e deve exigir – respeito e dignidade no atendimento público.
Marcos Xavier
Jornalista do Povo
Comentários: