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Sabado, 24 de Maio de 2025

Lençóis Paulista

FALTA EMPREGO OU SOBRA EXIGÊNCIA?

A novela do desenvolvimento econômico da nossa microrregião

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Por Jornal Atitude
FALTA EMPREGO OU SOBRA EXIGÊNCIA?
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No roteiro de mais um capítulo da novela “Desenvolvimento Econômico”, gravado na ensolarada manhã da última sexta-feira (4), Lençóis Paulista foi escolhida como cenário para o lançamento do “Radar do Emprego”, programa que, segundo o Governo do Estado, vai mapear o mercado de trabalho local. A promessa? Ligar o trabalhador certo à vaga certa. A realidade? Bem... essa continua fora do script.

 

A solenidade aconteceu no Novotel (porque nada como discutir o desemprego com ar-condicionado e café gourmet), e contou com a presença ilustre do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima — aquele mesmo que foi braço direito do superministro Paulo Guedes, na era do “posto Ipiranga”. Antes de aportar em Lençóis, Lima fez pit-stops em Agudos e Pederneiras, onde também ouviu promessas, pedidos e, claro, discursos acalorados de prefeitos que garantem que a culpa nunca é deles.

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Mas vamos ao que interessa: falta emprego ou sobra exigência?

 

Segundo os representantes do alto escalão, o que falta mesmo é qualificação. Afinal, as empresas estão implorando por profissionais capacitados, mas os desempregados não conseguem se encaixar — por falta de cursos, diplomas, certificações, especializações, proficiência em inglês, chinês básico, domínio em Excel, SAP e, de preferência, que saiba fazer café. Ah, e tudo isso por um salário “padrão piso”, aquele mesmo que não paga o aluguel, nem a cesta básica.

 

Enquanto isso, os nativos — que já viram esse filme antes — estão pegando a estrada. Jovens e adultos lençoenses, macatubenses, borebienses e agudenses estão migrando para cidades e estados onde o salário compensa a qualificação exigida. Lá, ao menos, o trabalhador se sente valorizado, e não mais um número no relógio de ponto.

 

Por outro lado, nossa microrregião também virou destino de quem vem de fora, buscando uma vaga — mesmo que mal paga — que não encontrou em sua terra natal. E assim seguimos: exportando talentos e importando esperança. A cidade cresce em população, mas não em renda. Ganha novos moradores, mas perde seus filhos. Um ciclo sem fim, onde se treina, se capacita, e depois se vê o profissional ir embora para onde seu esforço realmente vale algo.

 

A secretária de Desenvolvimento Econômico de Lençóis, Aline Fogolin, explicou que a oferta de emprego existe. O problema é casar o currículo à vaga. E claro, o município até oferece cursos e formação técnica, mas bem que ajudaria se o governador Tarcísio lembrasse da promessa da Fatec. Aquela mesmo, que foi anunciada com pompa, mas até agora só existe no papel — ou na nuvem, vai saber.

 

No fim das contas, o tal “Radar do Emprego” talvez sirva mesmo para mostrar o que já sabemos: o problema não é a falta de mão de obra, mas a falta de valorização da mão de obra. E enquanto não houver uma mudança real na cultura empresarial da região, que paga pouco e exige muito, o radar vai continuar girando em falso, como uma bússola quebrada, apontando para um futuro que nunca chega.

 

A microrregião pode até ser estratégica para o Estado, mas para o trabalhador, continua sendo um ponto de partida.

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