À medida que a diplomação dos candidatos eleitos em Lençóis Paulista se aproxima, o clima político da cidade se torna mais tenso, como se houvesse uma tempestade prestes a desabar. Nos bastidores, vozes em tons baixos e olhares vigilantes são sinais claros de que algo está sendo arquitetado. Candidatos derrotados nas eleições do último 6 de outubro, em conjunto com aliados estratégicos, parecem ter formado um núcleo de articulação, empenhado em lançar uma série de ações judiciais nas próximas semanas. Seu objetivo: desafiar a integridade da vitória de seus concorrentes e, possivelmente, comprometer o ato oficial da Justiça Eleitoral que garantiria a posse dos eleitos no próximo 1 de janeiro.
Informações de pessoas próximas ao círculo dessas movimentações, que preferiram manter o anonimato, sugerem uma estratégia calculada. Essas fontes afirmam que as primeiras ofensivas serão direcionadas à prestação de contas dos eleitos, acusando-os de omitir despesas, esconder serviços prestados, e até mesmo de não declarar pessoas que trabalharam nas campanhas.
A repórter do jornal Atitude teve acesso a um depoimento que aponta para algo ainda mais grave: a campanha de uma das candidatas eleitas teria sido turbinada com uma quantia significativa de dinheiro proveniente de outro político influente. Esta mesma candidata, segundo a denúncia, teria à disposição um estúdio e uma jornalista exclusivamente dedicados à sua imagem, um apoio que, se confirmado, poderia configurar uma infração às normas de campanha.
A lista de acusações cresce e atinge outros eleitos. Um vereador recém-eleito, por exemplo, estaria ligado a um esquema mais antigo de trocas de favores envolvendo empregos em órgãos públicos e empresas terceirizadas. Áudios comprometedores sobre supostas tratativas de empregos, ainda mantidos sob sigilo, podem emergir a qualquer momento, expondo o modus operandi de acordos que há tempos movimentariam as engrenagens políticas da cidade.
Há rumores ainda de outras denúncias envolvendo favorecimentos explícitos, como compras de apoio financeiro e o uso de influência para negociar cirurgias e furar filas no sistema de saúde. Esses relatos, até o momento sem confirmação formal, sinalizam que a disputa política continua acirrada, mesmo depois do término das urnas, e que os interesses pessoais e os rancores não foram deixados para trás.
Em meio a essa rede de acusações e intrigas, a dúvida paira sobre a autenticidade dessas investidas: seriam elas impulsionadas por provas concretas ou, em grande parte, alimentadas pelo ressentimento dos que não conseguiram garantir seu lugar no poder? Candidatos que atualmente ocupam cargos eletivos e que não foram reeleitos parecem carregar nos olhos uma frustração amarga, que alguns interpretam como raiva contida e desejo de retaliação.
Para a população e os próprios eleitos, resta aguardar as próximas semanas, quando cada detalhe das contas de campanha será examinado com rigor. Será que essas denúncias ganharão ares de escândalo ou se dissiparão como rumores infundados? Em Lençóis Paulista, a política parece longe de ter seu capítulo final encerrado, e o que vem a seguir pode definir o futuro de muitos.
Marcos Xavier
Jornalista do Povo
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