E cá estamos nós, mais uma vez, em pleno calor da campanha eleitoral de Lençóis Paulista, onde o que não falta é drama e, claro, uma boa dose de desinformação. O episódio da semana é protagonizado pelo nobre vereador Dudu do Basquete e o milionário médico Dr. Norberto Pompermayer, ambos do PL, que parecem ter ensaiado uma coreografia perfeita de ataque contra o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), com direito a show na tribuna da Câmara e aparição em rádio local. Mas como em qualquer boa comédia, o plano não saiu exatamente como o script previa.
Na última segunda-feira, Dudu do Basquete usou a tribuna para soltar uma bomba — ou pelo menos tentou. Entre suas acusações, ele afirmou que o SAAE está afundado em dívidas milionárias e gastos. No mesmo compasso, Dr. Norberto, que almeja a cadeira de prefeito, reforçou o coro na rádio, como se tivessem combinado o discurso. E como não poderia faltar uma ajudinha digital, até um influencer-candidato da coligação de Norberto entrou na jogada, espalhando a "revelação" pelas redes.
A plateia, claro, aplaudiu... por alguns minutos. Isso porque André Paccola Sasso, o Cagarete — candidato a prefeito e ex-diretor do SAAE — não deixou barato. Com a tranquilidade de quem já conhece os bastidores do teatro político, Cagarete rapidamente gravou um vídeo e jogou nas redes sociais, desmentindo categoricamente o espetáculo armado por seus adversários e mostrando as provas. Com dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE) em mãos, ele mostrou que a tal dívida milionária não passa de uma distorção mal-intencionada, mesmo porque segundo ele o SAAE tem mais de 10 milhões nos cofres da autarquia. O que Dudu e Norberto “esqueceram” de mencionar é que as dívidas pendentes existentes são trabalhistas, no valor de 1 milhão de reais, resquícios de gestões passadas. E advinha quem estava no comando na época? Sim, pessoas do mesmo grupo político, adversário, que agora se posicionam como salvadores da pátria e querem voltar ao poder.
Como se não bastasse, o SAAE também entrou em cena, emitindo uma nota oficial para desmentir as acusações, o que deixou ainda mais evidente o descompasso da tentativa de “lacração” de Dudu e Norberto. E olha que ironia: quem se revoltou com o ataque foram justamente os servidores da autarquia — gente que já trabalhou sob a batuta da chapa adversária. Afinal, nada como ser alvejado por balas disparadas por quem deveria defendê-los.
A estratégia? Desgastar a imagem de Cagarete e a do SAAE. O resultado? Um monumental tiro no pé. A intenção era clara: usar o velho truque do ataque sincronizado, escolhendo a dedo o que mostrar e o que esconder. Mas, ao que parece, o improviso não se ajusta bem às demandas da verdade.
No final das contas, o grande “lacre” da oposição acabou sendo rapidamente desmascarado, deixando no ar aquela lição clássica das campanhas eleitorais: não basta atacar, é preciso que o ataque seja verdadeiro. E o eleitor, cada vez mais atento, não se deixa mais enganar com receitas incompletas. Afinal, todo bom diagnóstico exige uma segunda opinião, não é mesmo?
Redação
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