Na última sexta-feira, 24, a cidade de Macatuba foi palco de uma mobilização exemplar por parte das mães de alunos com necessidades especiais. A convocação para uma reunião, que pretendia ser um espaço de diálogo sobre mudanças na educação especial, transformou-se em um mar de insatisfação diante de propostas controversas. O prefeito Anderson Ferreira, ao anunciar a criação de 30 cargos de "Facilitadores", desencadeou uma onda de preocupação entre os pais, que viram nas alterações uma possível ameaça à qualidade do acompanhamento de seus filhos.
O Salão Paroquial da igreja Matriz, onde se desenrolou a reunião, foi palco não apenas de anúncios, mas também de uma revolta contida entre os presentes. Os relatos dos pais indicam que suas vozes foram silenciadas, transformando um evento que deveria ser de discussão e debate em uma mera formalidade para comunicar decisões já tomadas nos bastidores.
A intenção inicialmente imposta pelo prefeito era substituir os atuais auxiliares dos professores pelos “Facilitadores”, cargos esses que o prefeito pretendia criar, e que iriam alterar inclusive as atribuições dos professores regulares em favor dos cargos de "Facilitadores", gerando incertezas entre os pais quanto à capacitação desses profissionais para lidar com as demandas específicas dos alunos especiais, como questões relacionadas ao autismo e à paralisia cerebral, por exemplo. Não houve espaço adequado para respostas e esclarecimentos.
O momento de virada ocorreu quando, antes mesmo do término da reunião, o Projeto de Lei 131/2023, que formalizava as mudanças propostas, já havia sido protocolado na Câmara Municipal. A falta de diálogo transparente e inclusivo ficou evidente, mas a reação rápida das mães e responsáveis demonstrou que a sociedade não aceitará projetos cruciais sendo impostos sem a devida discussão.
Diante da insatisfação e mobilização dos pais, o prefeito Anderson Ferreira teve que recuar, solicitando a retirada do projeto minutos antes da sessão legislativa agendada para segunda-feira. Essa reviravolta ressalta a importância do amplo debate e da participação da comunidade em decisões que afetam diretamente a vida dos alunos especiais e suas famílias.
A atitude das mães em se unirem para garantir que suas vozes fossem ouvidas é digna de reconhecimento. Elas impediram que um projeto de tamanha relevância fosse colocado em votação sem que as preocupações e dúvidas legítimas dos pais fossem adequadamente consideradas.
Este é o primeiro capítulo de uma série de três matérias que o Jornal Atitude está dedicando à criação dos cargos de "Facilitadores" para o acompanhamento de crianças especiais. Logo mais, publicaremos as respostas aos questionamentos levantados por nossa reportagem, enviadas pelo prefeito Anderson Ferreira e pelo presidente do legislativo macatubense, Cristiano Mendes. A sociedade aguarda um diálogo aberto e construtivo que permita moldar o futuro da educação especial em Macatuba.
Por mais diálogo e menos intransigência, por favor. Que Deus nos proteja da excessiva rigidez e nos oriente para um mundo com mais diálogo e amor ao próximo. Amém.
Marcos Xavier
Jornalista do Povo
Comentários: