Ah, a reta final de mais um mandato! É aquele período mágico em que, subitamente, as ruas parecem mais limpas, as reformas aparecem, e os buracos misteriosamente desaparecem como num passe de mágica. Só que não. Pelo menos, não exatamente. Em Macatuba, como em boa parte do Brasil, os servidores públicos estão em uma verdadeira maratona, correndo contra o tempo para mostrar que, veja bem, a cidade está sim sendo cuidada – ou pelo menos tentando fazer com que pareça assim.
É um espetáculo digno de aplausos! Não pelas obras, claro, mas pela cara de pau de quem acha que os cidadãos vão esquecer que, por quase quatro anos, o cenário era outro. Mas chega o ano eleitoral e, de repente, as reformas brotam como mato em calçada abandonada (ou seria mais justo dizer nos últimos três anos de calçada abandonada?). Os servidores municipais, coitados, estão ali redobrando seus esforços, tentando dar um tapa no visual da cidade, porque, né, precisamos fingir que está tudo nos trinques.
Olhando assim de longe, até parece que Macatuba virou um canteiro de obras! Pena que é só na superfície. Entre uma reforma e outra, temos, por exemplo, a famosa piscina do Cart. Sim, aquela onde patos felizes nadam na água parada e lodosa, cenário digno de uma pintura renascentista… ou de uma comédia pastelão, onde o dinheiro público escorre pelo ralo (ou seria pela piscina?). Mas, ei, não se pode dizer que a piscina está completamente abandonada, os patos pelo menos estão fazendo bom uso.
E o velório municipal? Ah, o velório... Duas salinhas reformadas a preço de ouro e entregues praticamente no último minuto. E por quê? Porque este glorioso jornal, em sua missão de escancarar a realidade, fez questão de denunciar o empurra-empurra. Não fossem as denúncias, estaríamos até hoje esperando pela conclusão, já que quatro anos parecem ter sido pouco para a reforma de duas saletas. Ah, e vale lembrar que a Comissão Especial de Inquérito (CEI), tão aclamada na época, ainda guarda os resultados a sete chaves. Vai ver, também estão esperando o próximo ciclo eleitoral, porque tudo parece ter seu tempo – ou seria o tempo das conveniências?
E o cemitério novo? Mais uma joia rara da gestão pública, onde reformas e mais reformas acontecem, mas o resultado útil... bem, esse parece ser sempre adiado para uma “próxima etapa”. Algo como aquele projeto que você começa cheio de entusiasmo e depois deixa jogado no canto da sala.
Agora, o Paço Municipal, esse sim merece um Oscar por seu abandono digno de filme de apocalipse. Papéis, documentos e até objetos públicos se amontoando entre entulhos e sujeira. Reforma? Em andamento. Conclusão? Bem, a gente vai ter que esperar pra ver, porque o prazo é sempre elástico.
Mas, claro, é ano eleitoral e, de repente, as coisas parecem ganhar ritmo. As vias públicas ganham cara nova, os buracos somem (pelo menos os mais visíveis), e tudo é uma tentativa de fazer com que o eleitor pense: “Olha, eles estão trabalhando!”. Só que, com as redes sociais, aquela velha tática da cortina de fumaça vai ficando cada vez mais difícil de sustentar. Afinal, quem não tem um vídeo, uma foto, ou até mesmo um testemunho das promessas feitas lá atrás? Aquela piscina que deveria ser entregue, aquele velório que não deveria demorar tanto, aquela reforma que nunca acaba... Todos têm um arquivo mental – e digital – para lembrar.
Enquanto isso, os servidores públicos, os verdadeiros heróis dessa saga, seguem com sua missão, que parece mais uma tarefa de Sísifo: consertar o que foi deixado de lado por tanto tempo. Eles seguem, remendando, limpando e, quem sabe, torcendo para que, dessa vez, as promessas sejam cumpridas – mesmo que só daqui a quatro anos.
Porque, afinal, quem sabe o que o próximo ciclo eleitoral nos reserva, não é mesmo?
Redação
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