Barraco e microfone
A sessão legislativa da última terça-feira, 22 de abril, foi palco de um verdadeiro espetáculo político digno de novela das nove. A protagonista? A vereadora Isadora Ribeiro (PSD), líder do governo na Câmara Municipal, que deixou a diplomacia de lado e subiu o tom — e as tamancas.
Interrompe que eu grito
No meio da fala do vereador Rômulo Pegolo na tribuna, Isadora interrompeu tudo e exigiu, em alto e bom som, que o presidente da Casa, vereador Chico Naves, expulsasse do plenário um cidadão que assistia e gravava a sessão. Segundo ela, o homem estaria a “perseguir” seus passos dentro do plenário, filmando cada movimento, sessão após sessão.
Stalker ou cidadão atento?
A vereadora alegou que seu assessor já vinha monitorando o tal cidadão há algum tempo. A acusação de perseguição deixou o clima pesado. Mas Chico Naves, em um momento de serenidade rara em meio ao caos, bateu o martelo: o cidadão ficaria, pois não apresentava comportamento inadequado. Ao contrário, para o presidente, quem precisava se acalmar era a própria vereadora.
Saiu batendo porta
A resposta não caiu bem. Revoltada por ser repreendida publicamente, Isadora deixou o plenário no meio da sessão, depois de um bate-boca intenso com Chico. A sessão seguiu sem maiores tumultos, mas nos corredores do poder, o burburinho só aumentou.
Crise no mesmo ninho
Isadora Ribeiro e Chico Naves fazem parte do mesmo grupo político — aquele que controla nove das doze cadeiras da Câmara. Ela é a voz do prefeito André Paccola Sasso, o Cagarete, no Legislativo. Ele, o escolhido do grupo para comandar a Casa. A crise interna expôs rachaduras em um bloco que, até então, parecia inabalável.
“Sigam-me os bons”
Nos bastidores, um vereador da base, que preferiu não se identificar, soltou o verbo: Isadora estaria se comportando como “chefe” desde a posse, exigindo submissão dos colegas. Em janeiro, numa sessão extraordinária, ela teria tentado conduzir todos os aliados para uma reunião interna dizendo que era ela quem ditava a estratégia.
De filmada a filmadora?
Do lado do cidadão acusado de perseguição, a história ganha outro contorno. A fala da vereadora de que seu assessor grava o cidadão pode virar munição jurídica: já se comenta nos bastidores que o homem pretende acionar o Ministério Público. E há quem diga que outras pessoas também foram gravadas pelo mesmo assessor — inclusive com o celular da própria vereadora. O clima é de tensão, e pedidos formais de investigação podem pipocar a qualquer momento.
Próximos capítulos
Entre gritos, gravações, acusações e bastidores em ebulição, o episódio desta semana escancarou as fragilidades internas do bloco governista. O barraco de terça-feira foi só o começo. Resta saber quem sai fortalecido desse duelo: a líder que perdeu o controle ou o presidente que se manteve firme? A novela política local promete novos capítulos — e, pelo visto, com direito a replay em câmera lenta.