Em 6 de outubro, Lençóis Paulista será palco de uma das disputas eleitorais mais intensas de sua história recente. Com quatro chapas concorrendo, a cidade se vê polarizada entre dois grupos que, em essência, representam mais do que simples escolhas para a prefeitura: são a batalha pelo legado e pela continuidade do poder. De um lado, a chapa apoiada pelo prefeito Anderson Prado de Lima (PSD), que, impossibilitado de concorrer ao terceiro mandato, aposta em seu ex-cargo de confiança, André Paccola (PP), o popular “Cagarete”, e seu vice, o atual vice-prefeito Manoel dos Santos Silva, mais conhecido como “Manezinho”, do jornal O Eco (REP). Do outro, os eternos opositores do ‘Pradismo’, Dr. Norberto Pompermayer e o ex-prefeito José Antônio Marise, ambos do PL, se unem para tentar retomar o controle do município.
A Sombra de Prado:
Uma Eleição “Por Tabela”
Embora tecnicamente fora da corrida para a prefeitura, o prefeito Prado continua como uma figura central nesta disputa. Muitos moradores comentam que, apesar de ser Cagarete o nome na cédula, é Prado quem parece estar, de fato, concorrendo. O prefeito tem dito em reuniões e visitas que, se seus candidatos vencerem, ele mesmo estará na prefeitura uma vez por semana ano que vem, em uma clara tentativa de manter sua influência no governo municipal, mesmo sem um cargo oficial.
Prado, com sua popularidade em alta e já de olho em uma cadeira na Assembleia Legislativa, aproveita a campanha municipal para também fazer sua pré-campanha para deputado estadual. O marketing político, uma especialidade do atual prefeito, não passa despercebido: adesivos, bandeiras e outros materiais de campanha trazem, de forma quase subliminar, a imagem de Prado junto a Cagarete e Manezinho. E assim, enquanto fortalece seus candidatos, Prado também prepara o terreno para seu próximo salto político.
Oposição Resiliente:
Norberto e Marise na Batalha
Do outro lado do ringue, Dr. Norberto Pompermayer e José Antonio Marise, ambos com 72 anos, enfrentam o desafio da idade e a falta de grande apelo popular entre os eleitores mais jovens. Norberto, que já foi vice-prefeito e secretário de saúde entre 2001 e 2008, e Marise, ex-prefeito na mesma época, têm apostado em um eleitorado mais idoso, que ainda guarda memórias de sua atuação política. Com uma campanha simples, sem o brilho ou a intensidade dos grandes eventos, a dupla busca votos de casa em casa, tentando reavivar o apoio que já tiveram.
Recentemente, a tentativa de emular uma “motociata” ao estilo Bolsonaro foi um fracasso em termos de adesão popular, com pouco mais de 50 motos e alguns carros circulando pela cidade, quase todos guiados por candidatos ou aliados. Porém, a resiliência de Norberto e Marise não pode ser subestimada. Eles conhecem os desafios e estão apostando no desgaste da gestão atual para tentar voltar ao poder.
Campanhas Modestas:
PDT e PSB Longe dos Holofotes
Embora as atenções estejam focadas nas duas principais chapas, outras duas coligações também estão na corrida. O pastor Claudio Aguiar e Valmir Cardoso, pelo PDT, formam uma chapa mais discreta, sem grande mobilização popular até o momento. A mesma situação se aplica a Natalino e Anderson Luiz de Andrade, do PSB, que pouco se fazem notar nas ruas de Lençóis. Com campanhas mais modestas, é incerto se conseguirão cativar um eleitorado que, até aqui, parece já ter escolhido seus lados na disputa.
Polarização e Expectativas
A batalha pelo comando de Lençóis Paulista, ao que tudo indica, ficará entre Cagarete e Manezinho, apoiados por Prado, e Norberto e Marise, que tentam relembrar seus dias de glória. A polarização é evidente, e a pergunta que fica no ar é se a população optará por continuar o projeto da atual gestão, com Prado ainda presente, ou se verá em Norberto e Marise a oportunidade de uma mudança, mesmo que liderada por veteranos da política local.
De um lado, temos a máquina política e o carisma do prefeito Prado, que, sem dúvida, carrega seus candidatos nas costas, usando seu prestígio para garantir que suas ideias e sua influência perdurem. Do outro, uma dupla que aposta no saudosismo e em sua experiência para convencer os eleitores de que podem devolver algo à cidade.
As promessas de campanha? Essas ficam para as próximas edições. Até lá, Lençóis Paulista aguarda, ansiosa, para ver qual direção tomará seu futuro.
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