As eleições municipais em Lençóis Paulista, realizadas no último 6 de outubro, trouxeram surpresas e deixaram a cidade em um clima de divisão. O grupo situacionista, liderado pelo atual prefeito Anderson Prado de Lima (PSD), havia cantado vitória antes mesmo das urnas serem abertas, apostando em uma expressiva vantagem para seu candidato, André Paccola Sasso, o Cagarete. A certeza de uma vitória "esmagadora" foi alimentada por uma pesquisa divulgada na sexta-feira anterior à votação, pelo jornal O Eco, conhecido por seu alinhamento com a atual administração. A pesquisa, registrada no TRE, apontava uma vantagem de 20% a favor de Cagarete sobre o candidato oposicionista, Dr. Norberto Pompermayer.
Entretanto, o resultado das urnas revelou um cenário bem diferente. Cagarete venceu por uma margem mínima de apenas 1%, totalizando 17.321 votos (50,52% dos votos válidos), contra 16.967 votos (49,48%) obtidos por Norberto, uma diferença de apenas 354 votos. O que deveria ser uma vitória tranquila transformou-se em um sinal de alerta para o grupo situacionista, que contava com uma "lavada" nas urnas. O resultado, ao invés disso, expôs uma cidade profundamente dividida.
Especialistas políticos começam a questionar a real força do prefeito Anderson Prado de Lima, que vinha sendo apontado como uma das grandes lideranças políticas da região e com um futuro promissor nas eleições de 2026, onde almeja uma cadeira na Assembleia Legislativa como deputado estadual. O fraco desempenho de seu candidato, apesar da forte máquina pública e da propaganda massiva, levanta dúvidas sobre sua popularidade e sobre o quanto essa queda de confiança pode influenciar sua candidatura futura. Nesse cenário, Norberto e seu grupo político se aproximam da deputada Dani Alonso (PL), que tem grandes chances de angariar apoio popular e direcionar emendas e recursos à cidade, o que pode ser um golpe direto nas pretensões de Prado.
Outra questão que ganhou destaque é a desconfiança em relação à pesquisa encomendada pelo jornal O Eco. A diferença de 20% apontada pelo levantamento não refletiu a realidade das urnas, gerando questionamentos sobre a credibilidade do instituto de pesquisa e do próprio jornal. Será que a pesquisa estava errada? Ou teria sido a falta de confiança da população no nome de Cagarete e em seu vice, Manezinho, que possui laços estreitos com o jornal O Eco? O fato é que, embora Cagarete tenha saído vitorioso, sua gestão começará sob intensa vigilância.
O grupo oposicionista, fortalecido após o resultado apertado, promete exercer uma fiscalização rigorosa sobre o novo prefeito, buscando possíveis falhas e cobrando a realização das promessas de campanha. As acusações de irregularidades e denúncias levantadas durante o processo eleitoral também devem ser investigadas, adicionando ainda mais pressão sobre o governo que se inicia em janeiro de 2025.
Essa polarização, somada ao clima de desconfiança e vigilância, certamente terá reflexos nas próximas disputas eleitorais. O que parecia ser uma vitória confortável para o grupo de Anderson Prado se tornou um terreno instável, onde o equilíbrio político poderá mudar rapidamente nos próximos dois anos. Lençóis Paulista, agora, observa atenta os desdobramentos dessa eleição acirrada, com a expectativa de que o cenário político local será decisivo para os rumos das eleições de 2026.
Agora, resta saber quem será capaz de navegar por essas águas turbulentas: quem ganhou, mas com uma margem apertada, ou quem perdeu, mas se consolidou como uma força política em crescimento.
Marcos Xavier
Jornalista do Povo
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