Na tumultuada arena da política lençoense, uma cena surrealista se desenrolou nos últimos dias, com os vereadores Irani Gorgonio (PSDB) e Rômulo Pegolo (PP) protagonizando um espetáculo digno de cinema B. Armados com diploma de vereadores e discursos inflamados, os nobres edis decidiram empreender uma excursão heroica às escolas e creches municipais, ansiosos para mostrar serviço em meio à fervilhante temporada eleitoral.
Contudo, o que se sucedeu foi um enredo que faria qualquer comediante de stand-up se contorcer de tanto rir. Segundo os relatos dos próprios vereadores, em um dos estabelecimentos educacionais, foram recebidos com uma recepção digna de filme de espionagem: barrados na entrada e informados de que precisariam preencher requerimentos formais para ter acesso ao sacrossanto interior da escola.
Acontece que a peripécia não parou por aí. Desesperada, a vereadora Irani fez o que qualquer membro da realeza política faria: discou para o todo-poderoso secretário da educação, Railson Rodrigues, e, num ato de pura benevolência, obteve a liberação para a equipe de investigação entrar na fortaleza escolar.
E lá dentro, amigos, foi como se os heróis desbravassem uma terra esquecida pelos deuses da infraestrutura. Goteiras, entulhos amontoados em áreas de recreação infantil e uma escassez de grelhas que fazia o coração de qualquer burocrata pulsar com força. Uma verdadeira jornada ao centro do descaso municipal.
Enquanto Irani e Rômulo desbravavam os confins da educação municipal, o prefeito e seus acólitos prosseguiam em sua própria odisseia: uma busca incansável pela glória fotográfica. Uma foto, tirada a 11 mil metros de altura por um intrépido piloto, destacando a iluminação urbana, tornou-se a epopeia da administração. Talvez, quem sabe, se o ângulo fosse diferente, ou a lente do fotógrafo um pouco mais atenta aos detalhes, o feito teria passado despercebido.
Mas, como diz o ditado, contra fatos e fotos não há argumentos. Enquanto a gestão municipal se embevece com suas próprias imagens, os vereadores continuam sua saga por entre as ruínas da negligência. Em Lençóis Paulista, onde a política é um teatro de absurdos, a comédia é o gênero que mais atrai plateia.
Mais amor pelas nossas crianças e menos marketing na promoção pessoal.
Que Deus nos proteja de tanta insensatez. Amém!
Marcos Xavier
Jornalista do Povo
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