Menina de 10 anos internada após ser vacinada contra Covid-19 em Lençóis Paulista, após sofrer uma parada cardiaca, não teve reação ao imunizante da Pfizer, concluiu nesta quinta-feira uma investigação do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde.
A análise, realizada por mais de 10 especialistas, apontou que a criança possuía uma doença congênita rara, desconhecida até então pela família, que desencadeou o quadro clínico. A conclusão foi de que não existe qualquer relação causal entre a vacinação e seu estado de saúde.
A Prefeitura de Lençóis Paulista que havia comunicado a suspensão da vacinação infantil por livre demanda por sete dias, retornará na próxima terça-feira, 25, com a vacinação normalmente para crianças de 5 a 11 anos com comorbidades.
Uma pergunta que permanece no ar, e não foi muito bem esclarecida na nota informativa divulgada pela Secretaria de Saúde do Estado, foi o que engatilhou o evento adverso sofrido pela menina de 10 anos, em especial, exatamente após a criança receber a dose do imunizante da Pfiser.
Segue abaixo a integra da nota informativa divulgada pela Secretaria de Saúde do Estado.
Marcos Xavier
Jornalista do Povo
NOTA INFORMATIVA Nº1 CVE/CCD/SES-SP
Assunto: Investigação de Notificação de Evento Adverso Pós-Vacinação
No dia 19 de janeiro de 2022 foi notificado ao Sistema de Vigilância Epidemiológica de
Eventos Adversos Pós-vacinação um caso de criança de 10 anos que evoluiu com parada
cardiorrespiratória cerca de 12 horas após a vacinação contra Covid-19. A criança é
residente no município de Lençóis Paulista, foi imunizada com técnica correta, com
imunizante do fabricante Pfizer correto para a faixa etária e devidamente condicionado.
A criança foi atendida em tempo oportuno, o quadro foi revertido e ela encontra-se
hospitalizada, monitorizada e estável.
Para se estabelecer a relação causal entre a vacinação e o agravo, foi realizada uma
investigação que agrupou informações com a família e com os serviços de saúde onde a
criança foi assistida. A investigação foi conduzida de forma conjunta pelo Estado, através
da Divisão de Imunização e dos Grupos de Vigilância Epidemiológica de Botucatu e Bauru
– CVE, e pelo município de Lençóis Paulista.
As informações sobre o caso foram avaliadas por especialistas do Grupo de Trabalho em
Eventos Adversos Pós-vacinação da Comissão Permanente de Assessoramento em
Imunizações (GT-EAPV-CPAI). Concluiu-se que a paciente tem uma pré-excitação no
eletrocardiograma, característica da síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW). Esta é
uma condição congênita que leva o coração a ter crises de taquicardia. Algumas destas
crises podem ter frequência muito alta, levando até a síncope ou mesmo morte súbita.
A WPW é mais comum causa de morte subida por arritmia ventricular.
Conclusão:
A síndrome de Wolff-Parkinson-White, até então não diagnosticada e desconhecida pela
família, levou a criança a ter uma crise de taquicardia, que resultou em instabilidade
hemodinâmica. Não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico
apresentado, portanto, o evento adverso pós-vacinação está descartado.
Participantes da reunião GT-EAPV-CPAI, em 20 de janeiro de 2022:
Representantes do CVE – Diretoria, Divisão de Imunização, CIEVS-SP, GVE de Botucatu e
Bauru.
Representantes do Centro de Vigilância Sanitária
Representantes da Comissão Permanente de Assessoramento de Imunizações
Representantes dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais
Representantes das Secretaria Municipal de Saúde de Lençóis Paulista
Especialistas: Dr. Bruno Caramelli (InCor – HC – FMUSP).
Responsável pela investigação:
Dr. Eder Gatti Fernandes
São Paulo/SP, 20 de janeiro de 2022.
Regiane A. Cardoso de Paulo
Coordenadora em Saúde
Coordenadoria de Controle de Doenças
Tatiana Lang D’Agostini
Diretor Técnico em Saúde III
Centro de Vigilância Epidemiológica