O mês de outubro traz consigo uma enxurrada de campanhas, eventos e iniciativas voltadas para a conscientização sobre o câncer de mama, conhecido como Outubro Rosa. A importância de disseminar informações sobre a prevenção e o diagnóstico precoce dessa doença é inegável. Contudo, é fundamental analisar a discrepância entre o discurso oficial e a prática das autoridades municipais quando o assunto é a saúde da mulher.
A realidade é que, ao longo do ano, os investimentos em exames preventivos, como mamografias, são escassos. Mulheres enfrentam longas esperas para conseguir uma simples consulta com um ginecologista, e o acesso a exames essenciais para a detecção precoce do câncer de mama é ainda mais desafiador. Esse cenário desolador resulta em diagnósticos tardios, privando muitas mulheres da chance de uma intervenção eficaz e aumentando drasticamente as chances de um desfecho trágico.
Não podemos ignorar que não se tratam de casos isolados. A fila de espera para um simples exame de mamografia é um reflexo gritante do descaso das autoridades com a saúde da mulher. O Outubro Rosa não deve ser apenas uma campanha pontual, mas sim um lembrete contínuo de que é preciso mais do que palavras bonitas e laços cor-de-rosa para garantir a efetiva prevenção e tratamento do câncer de mama.
Diante desse cenário, as mulheres têm um papel crucial a desempenhar. É imperativo que assumam a responsabilidade pela própria saúde, realizando o autoexame regularmente. Além disso, é necessário que cobrem incessantemente das autoridades municipais um compromisso real com a saúde da mulher. Isso inclui a contratação de mais profissionais da saúde, especialmente ginecologistas, e a aquisição de equipamentos e materiais para a realização de exames preventivos.
É desconcertante perceber como o marketing eleitoreiro muitas vezes prevalece sobre a promoção efetiva da saúde da população. As autoridades investem em discursos emocionais e promessas vazias, enquanto as mulheres aguardam em filas intermináveis, lutando contra o tempo em uma corrida contra o câncer. É urgente que haja uma mudança nesse panorama, onde a prioridade seja a saúde e o bem-estar da população, em detrimento de interesses políticos de curto prazo.
O Outubro Rosa é um lembrete doloroso de que a conscientização não é suficiente. É preciso ação. É preciso investimento contínuo em infraestrutura de saúde, em profissionais qualificados e em equipamentos de diagnóstico. É preciso que as autoridades honrem a confiança de seus eleitores, colocando a saúde da mulher no centro de suas agendas políticas.
Portanto, mais do que nunca, é hora de unir vozes e exigir mudanças reais. O Outubro Rosa deve ser um catalisador para a transformação de um sistema de saúde que, em muitos casos, falha gravemente em proteger e cuidar das mulheres. É preciso transformar a conscientização em ação, e é nosso dever cobrar das autoridades o compromisso e os recursos necessários para fazer isso acontecer. A saúde da mulher não pode mais ser relegada a segundo plano. É uma questão de vida e morte, e merece ser tratada com a seriedade e a urgência que requer.
Marcos Xavier
Comentários: