O secretário da educação, Railson Rodrigues, aceitou o convite do jornal Atitude de responder em forma de entrevista, questionamentos relacionados a situação da educação na cidade de Lençóis Paulista.
As perguntas foram formuladas por membros da sociedade lençoense que participam do grupo de WhatsApp denominado PAUTA LENÇÓIS e outras por este jornalista que está subscreve. Todas as perguntas, foram encaminhadas via WhatsApp ao secretário que teve 48h para responder.
A vantagem dessa modalidade de entrevista, é o fato de que o entrevistado, após aceitar a entrevista, recebe as perguntas, e fica à vontade para responder, podendo editar a resposta quantas vezes desejar, e só depois encaminhá-las para nós para publicação. O que permite ensaiar a melhor resposta, sem pressão, e sem todo stress de estar sendo questionado ante uma câmera e um jornalista, ao vivo.
Dessa mesma forma iremos tentar entrevistas alguns políticos que tem este jornalista por desafeto, quem sabe assim, nessa modalidade, eles deixam de aparecer para a sociedade apenas no período de eleições.
Sem mais delongas, confira abaixo a entrevista com o secretário da educação, o advogado Railson Rodrigues.
MX: Secretário Railson Rodrigues, o senhor está há quanto tempo na direção da Secretaria da Educação? Assumiu ela em qual situação e há algum projeto de ampliação e mudanças que possam impactar diretamente a população, ou sua gestão na Secretaria é conservar e manter o que foi herdado?
Railson: Assumi o Cargo de Secretário de Educação em janeiro de 2021, portanto, há praticamente um ano, em meio à pandemia e em condições totalmente adversas, visto que estávamos entrando na fase mais letal da Covid-19, porém, no mesmo momento, tínhamos os alunos da Rede Pública dando mais sinais de déficit educacional e de afastamento das suas respectivas unidades escolares. Portanto, iniciamos, ainda no mês de janeiro de 2021, um atendimento aos alunos que chamamos de “busca ativa”, que eram os alunos que passaram o ano de 2020 sem dar retorno aos professores, e sem realizar as atividades. Foi dessa forma que pudemos atualizar esses alunos dos conteúdos perdidos e tentar coloca-los no mesmo nível de conteúdo que os demais.
Outro ponto que se tornou emergencial nesse período foi a demanda de vagas em creches. O número de crianças buscando matrícula cresceu consideravelmente durante a pandemia, e agora uma das missões à frente da Secretaria de Educação é a ampliação do número de vagas nas creches municipais.
Diante disso tudo, há sim projetos em andamento, além das nove reformas de unidades escolares que se iniciaram em 2021, temos também o início das obras do antigo prédio da Facol, onde teremos uma escola municipal, transformando a escola da Vila Bacilli em creche, além da construção da nova escola no Santa Terezinha, e da creche na região do Jardim Carolina. Temos um cronograma sendo elaborado para reformas e ampliações que deverão ser realizadas nos próximos dois anos.
MX: Recentemente a Prefeitura adquiriu o prédio da antiga Facol e anunciou que fará naquele local um espaço educacional ímpar na cidade. O que realmente será feito e quando a população de fato vai usufruir desse projeto?
Railson: O plano é que tenhamos naquele local um Centro de Referência em Educação Especial e uma escola de período integral de 1º a 9º ano. O projeto inclui a ida do Espaço Vencer para o local, com ampliação dos serviços prestados, dos profissionais e do atendimento aos alunos da rede. Ressalto que os alunos da Educação Especial continuarão nas suas respectivas escolas, com atendimento especializado naquele local, contudo, cada aluno da Educação Especial permanecerá na escola do próprio bairro.
A escola de 1º a 9º ano atenderá, inicialmente, os alunos da Vila Bacilli, e há um planejamento para incluirmos os alunos das áreas rurais do município também naquela unidade, que atenderá com o ensino regular e com oficinas no contra período, funcionando em período integral.
Caso as obras de adequação fiquem prontas até o mês de julho de 2022 – sendo esse o esperado – o atendimento no local se iniciará tão logo o prédio esteja adaptado para receber esses alunos. O fator que dificulta esse planejamento está no fato de que os antigos proprietários deixaram o prédio sem o mínimo de infraestrutura, ou seja, sem o transformador, e sem o básico para que o prédio tenha energia e água potável, sendo essa prioridade que o departamento de engenharia está se debruçando para solucionar, quando já deveríamos estar providenciando a contratação de empresa para execução do projeto. De toda forma, é garantido que em janeiro de 2023 a unidade constará como mais uma da Rede Municipal, que atualmente conta com 35 unidades escolares em funcionamento.
MX: Nem tudo são flores na questão da educação em Lençóis Paulista, desde o início da pandemia, houve um vai e vem na retomada das aulas, com aulas passando a ser realizadas no sistema EAD, depois no sistema híbrido, e agora retornando a forma presencial. Qual a situação atual do ensino nas escolas municipais hoje em Lençóis? O aluno comparecer as aulas presenciais é obrigatório? Houve prejuízo na aprendizagem de nossas crianças? Se sim, como isso será equacionado?
Railson: É natural que tenha existido uma sucessão de métodos para ensino, pois o que vivemos foi inédito para nossa geração. Todas as pessoas e grande parte dos profissionais precisaram de reinventar e se adequar ao que estava acontecendo. Muitos tiveram que criar novos métodos de trabalho, não apenas na educação, mas nos mais diversos segmentos, no comércio, na indústria, e em outros âmbitos profissionais.
Em Lençóis Paulista, a modalidade de ensino seguia e ainda segue a segurança que os números de contaminação, internação e letalidade da Covid-19 nos demonstram, de acordo com conversas e pareceres da Secretaria de Saúde. Educação é essencial, e nesse período ficou evidente que a educação presencial se faz indispensável para o avanço das crianças em diversos âmbitos. Por isso, agora a prioridade é que tenhamos a maior segurança possível para atender no modo presencial, respeitando protocolos sanitários e utilizando os equipamentos de proteção recomendados.
Atualmente nos encontramos no modo de atendimento presencial. É obrigatório, excetuando-se crianças que os pais solicitarem que não frequentem a unidade escolar com justificativa embasada, preferencialmente mediante atestado médico. Isso porque houve, de fato, um prejuízo considerável para essas crianças durante o período em que permaneceram de forma remota. Atualmente a prioridade é atender no modo presencial para redução dos déficits gerados pelo período de ensino remoto, respeitando os protocolos sanitários e medidas recomendadas pela Secretaria de Saúde.
MX: Ainda sobre a situação de nossas crianças nas escolas, já no início da volta as aulas deste ano, muitos pais de alunos relataram problemas encontrados nas escolas, como falta de álcool em gel em salas de aula, termômetros para medição de temperatura quebrados. E o mais grave, caso da criança que sumiu, e depois apareceu, pois havia sido retirada no fim da aula, por engano, por um motorista de transporte escolar particular. O que faltou para evitar esses erros e quais medidas passaram a ser adotadas?
Railson: Temos uma rede com 35 unidades escolares. Ressalto que, no caso das creches, essas não pararam durante o período de férias, portanto, fala-se em “volta às aulas” apenas para uma parte da Rede Municipal, visto que uma grande parte sequer parou de atender, portanto não tratamos como “volta às aulas” em muitas unidades.
Cuidamos para que os protocolos sejam seguidos diariamente, independente de ter existido, em algumas unidades, um período de paralisação por conta das férias. Na semana que antecedeu esse retorno nessas escolas que estavam em férias, foi solicitada uma checagem de materiais, quanto ao funcionamento e quantidade. Se houve problema com algum equipamento, possivelmente a falha ocorreu no dia, e tão logo tenha sido solicitada a troca, a Secretaria de Educação providenciou, assim como em casos eventuais onde o álcool dos recipientes venha a faltar e necessite ser reposto, os funcionários já estão orientados a fazer essa reposição com prontidão, embora a prioridade seja para que as crianças lavem as mãos, sendo o álcool o melhor paliativo, mas os especialistas ainda recomendam que se priorize a lavagem das mãos. Contudo, temos zelado para que esses casos pontuais não sejam frequentes e permaneçam sendo exceções às regras. Eu mesmo tenho ido nas unidades escolares verificar se tudo isso tem acontecido de acordo com a recomendação da Secretaria.
Quanto ao caso da criança que, ressalto, não sumiu, mas que não souberam informar à mãe que ela estava em segurança dentro de um veículo escolar, sob os cuidados de uma monitora, e com um motorista habituado a buscar os alunos, conhecido pela equipe da escola, que afirmou que se tratava de aluno de sua competência, a Secretaria de Educação já iniciou a apuração do caso e deverá acontecer uma Sindicância, onde será apurada responsabilidade e também onde poderemos ter um panorama do que realmente ocorreu. A gravidade da situação se deu, principalmente, porque ninguém, naquele momento, disse à mãe que o aluno estava com um motorista específico, que se equivocou. Algo que poderia ter sido amenizado com uma ligação para o mesmo. Contudo, em momento algum a criança saiu da guarda de responsáveis que fazem parte da Educação, direta ou indiretamente, visto que na van onde permaneceu até o motorista perceber o equívoco, havia uma monitora zelando pela segurança da criança.
Contudo, conforme dito, reconhecemos que houve erro, e por isso a sindicância deverá nos apontar responsabilidades. Fui até a escola, conversei com a equipe, verifiquei protocolos, e, nesse momento, é importante garantirmos que isso não se repita em nenhuma de nossas unidades escolares, pois mesmo que agora saibamos que a criança estava em segurança, no momento do ocorrido houve um temor por parte de todos que não tinham essa informação. Por isso agora é apurar o ocorrido e ter atenção e cuidado redobrado.
MX: Pegando o gancho na questão de transporte escolar, quem tem direito a esse benefício fornecido pela Prefeitura, nas escolas e unidades educacionais aqui do município?
Railson: Via de regra, o transporte gratuito é direito de todo aluno que não consiga matrícula em uma escola localizada a uma distância de até 2 km de sua residência. A regra, por lei, não é válida para alunos de creches.
MX: A Prefeitura, assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), junto ao MP (Ministério Público) se comprometendo a sanar o problema do déficit de vagas nas creches. E até agora não cumpriu. O que faltou para o cumprimento, e quando isso será cumprido?
Railson: O Termo foi sim cumprido em dezembro de 2020. Nesse período o atendimento era remoto. Quando o atendimento voltou a ser presencial um número muito grande de pais procurou as creches para inscreverem seus filhos. A demanda gerada para as creches supera números de períodos anteriores, temos ampliado vagas com a contratação de mais monitoras e ampliações, contudo, mesmo diante das recentes ampliações, a procura também aumentou consideravelmente.
Por isso, nesse momento, temos a previsão de, pelo menos, mais duas creches em funcionamento no município para 2023, além de estarmos em vias de enviar para a Câmara um Projeto de Lei que autorize o aumento do número de monitoras de creche na rede municipal, visto que já chegamos ao máximo de funcionárias que a legislação nos permite contratar para este cargo, sendo que agora a contratação depende de alteração na lei municipal.
MX: Nas creches, quem tem direito hoje, de receber por insalubridade? Há ou houve um rodízio entre os colaboradores, para receber por insalubridade? Como está?
Railson: O assunto insalubridade nas creches tem sido resolvido dentro do que a lei nos permite, visto que houve um laudo, feito por engenheiro de segurança do trabalho, onde constava que apenas as monitoras de berçário teriam direito à insalubridade.
Estamos verificando a possibilidade de uma nova avaliação, visto que o laudo foi produzido no período em que as creches não estavam atendendo presencialmente, sendo necessário que uma análise mais justa venha a ser realizada com as creches em funcionamento.
Quanto ao rodízio, já tínhamos creches que realizavam o rodízio das monitoras, portanto isso não foi novidade na rede quando outras unidades passaram a adotar tal sistema. O problema se dá apenas porque algumas unidades preferem não trabalhar com rodízio, mas agora estão atuando dessa maneira.
MX: Por fim, o senhor está com a palavra para se dirigir a população lençoense. Muito obrigado pela entrevista.
Railson: É sempre uma honra poder dialogar com a população, e a imprensa é o mecanismo que temos para chegar ao maior número de pessoas. Por isso agradeço pela oportunidade e peço que os pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes zelem pelos protocolos sanitários e deem o exemplo para seus filhos, para que o cuidado seja recíproco nas escolas e para que juntos possamos erradicar a Covid-19 e, mais que isso, para que possamos permanecer priorizando a educação de nossas crianças e adolescentes, pois eles é que são a prioridade da Secretaria de Educação.
Confio muito na liderança do nosso Prefeito, Prado, que tem conduzido com maestria nossa cidade durante essa pandemia, e na Educação não é diferente, ele exige que o melhor sempre seja feito por nossos jovens, que são o futuro de nossa comunidade lençoense.
Obrigado a todos que leram está entrevista, um baita textão ... compartilhem para que mais pessoas fiquem por dentro do que acontece na educação em nossa cidade, desculpe-me se faltou outros questionamentos/perguntas, mas não faltará oportunidade para isso, desculpe também pelos meus errinhos de português de costume ... só não quero ter erro de caráter, do contrário não poderei cobrar nossas autoridades... até a próxima!!
Marcos Xavier
Jornalista do Povo